Masterclass Rio2C: A Importância de Eventos Setoriais para o Futuro da Indústria Criativa Brasileira

Recentemente, Cris Barreto, diretora do Rio2C, conduziu a masterclass “A Importância de Eventos Setoriais na Construção de um Futuro Sustentável para a Indústria Criativa Brasileira”. O evento, realizado na Incubadora de Inovação Social de Maricá, contou com a presença da assessora da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Conceição Diniz, da gerente da Incubadora, Mariana Maia e da representante da Maricá Filmes, Ana Rosa Tendler. 

Cris Barreto deu início à apresentação compartilhando a história e missão do Rio2C. Desde sua criação, o evento se firmou como um ponto de encontro essencial para diversos setores da indústria criativa, como audiovisual, música, games, design, arquitetura… e, a partir de 2025, moda. “Todos os setores têm algo a aprender com a moda”, destacou ao revelar com entusiasmo que esse segmento é uma das novidades da próxima edição. 

Durante a masterclass, ela destacou que eventos como o Rio2C não apenas geram negócios, mas também desempenham um papel crucial na formulação de políticas públicas e no mapeamento de talentos. “Tudo no Rio2C é estratégico. Queremos construir parcerias e incentivar o diálogo entre os diferentes setores da indústria criativa”, enfatizou. 

Panorama da Indústria Criativa e Audiovisual 

A indústria criativa global movimenta cerca de 2,3 trilhões de dólares e emprega mais de 30 milhões de pessoas, representando aproximadamente 3% do PIB mundial. No Brasil, o cenário ainda é desafiador. O setor criativo emprega quase 2 milhões de pessoas, mas enfrenta a falta de incentivos governamentais, em contraste com indústrias como a automotiva. “Somos uma indústria, e isso precisa ser reconhecido”, destacou Cris, apontando a necessidade de infraestrutura, formação profissional e políticas públicas adequadas para o setor. 

O mercado audiovisual brasileiro também está em transição, especialmente desde a chegada das plataformas de streaming, como a Netflix, que transformaram o setor. No entanto, o modelo de negócios dessas grandes plataformas enfrenta desafios. O aumento dos custos de produção, a saturação do mercado e a mudança nos hábitos de consumo são fatores que afetam diretamente o futuro do audiovisual. 

Cris também ressaltou que produções locais estão sendo negligenciadas em favor de grandes sucessos internacionais. Além disso, muitas produtoras brasileiras, especialmente as menores, enfrentam dificuldades para atender às exigências financeiras e jurídicas dos grandes players. “Precisamos repensar o modelo de negócios”, afirmou, incentivando uma reflexão sobre o futuro das produções audiovisuais no Brasil

Políticas Públicas no Setor Criativo 

A necessidade de políticas públicas que fortaleçam a indústria criativa no Brasil foi um dos pontos centrais da apresentação. Destacou-se a urgência de regulamentar as plataformas de streaming, como já ocorre em outros países. “A regulação é essencial para garantir que as produções locais tenham espaço e financiamento”, explicou Cris. 

O evento também trouxe à tona discussões sobre o enfraquecimento das políticas públicas voltadas para o audiovisual nos últimos anos, incluindo os cortes no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e o desmonte da Ancine. No entanto, há sinais de retomada, com foco no fortalecimento do FSA e na criação de políticas inclusivas que promovam a diversidade racial, de gênero e cultural. 

O Futuro da Indústria Criativa 

A indústria criativa brasileira, especialmente o mercado audiovisual, está em um momento de grande transformação. A adaptação às mudanças globais, aliada a políticas públicas eficientes e parcerias estratégicas, será fundamental para o crescimento sustentável do setor. Eventos como o Rio2C desempenham um papel crucial, conectando profissionais, fomentando inovação e promovendo o diálogo entre os diferentes segmentos criativos. 

Cris Barreto concluiu a masterclass reforçando o papel transformador do Rio2C na indústria criativa.

Os eventos setoriais, além de promoverem negócios, têm o poder de pautar a indústria e contribuir para a construção de políticas públicas que fortaleçam a nossa economia criativa.

Cris Barreto – Diretora do Rio2C

O futuro da indústria criativa brasileira, apesar dos desafios, está repleto de oportunidades. Como bem destacou Cris, “somos uma indústria”, e cabe a todos os profissionais e instituições envolvidas trabalhar para garantir que essa indústria cresça e prospere.