Meio ambiente e mudanças climáticas globais

No Rio2C 2024, profissionais de diversas áreas debateram sobre a urgência e os desafios para alinhar as políticas de meio ambiente frente à crise climática.

Celebrado em 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi um motivo a mais para aprofundar a reflexão sobre o relacionamento da humanidade com o nosso planeta. Nesse contexto, enfrentamos o desafio de respeitar os limites planetários, fronteiras vitais para sustentar a vida em equilíbrio.

Na edição de 2024 do Rio2C, a urgência de refletirmos sobre caminhos mais regenerativos vai ao encontro dos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e norteia os painéis sobre o meio ambiente. O evento intensificou ainda mais a interconexão dos conhecimentos, seguindo o tema “A era da consciência”.

Os limites planetários estão na iminência de serem alcançados, esgotando a capacidade do planeta de sustentar a vida em equilíbrio. No painel “Dia do meio ambiente: limites planetários, no Biodom, Yakuy Tupinambá, ativista e co-fundadora do Levanta Zabelê, e Michelle Sampaio, professora associada da UNIRIO,conversaram sobre as barreiras essenciais que determinam a capacidade da Terra para manter a vida em equilíbrio.

Michelle Sampaio e Yakuy Tupinambá no painel “Dia do Meio Ambiente: Limites Planetários”

No mesmo palco, Iazana Guizzo, coordenadora da Floresta Cidade, demonstrou numa oficina sensorial e corporal como desestabilizar a relação automática e funcionalista que temos com a água para, depois, ativar nossas memórias e desejos capazes de nos reconectar com ela e com as outras formas de vida existentes em nosso planeta no “Workshop habitar água, ativando um corpo-bioma para habitar a terra”.

Cenários catastróficos, que no passado só existiam na ficção, fazem parte cada vez mais do nosso cotidiano. No painel “Ebulição Climática: quando a ficção vira realidade, no Biodom, a atriz Tainá Muller, Eduardo Mack, diretor de Parcerias Estratégicas e Conteúdo da C3TV, e Carmynie Xavier, especialista de Regulação em Política Climáticado Instituto Clima e Sociedade, conversaram sobre os eventos climáticos extremos que estão se tornando cada vez mais comuns, evidenciando os impactos das mudanças em nosso mundo. O que antes era considerado ficção científica agora é uma realidade preocupante.

Eduardo Mack, Tainá Muller e Carmynie Xavier no painel “Ebulição Climática: Quando a Ficção Vira Realidade”

Promover sinergias entre máquinas, seres humanos e o ambiente natural é fundamental para a construção de um futuro sustentável e resiliente para as próximas gerações. No painel “Inteligência Convergente: Relações entre Natureza, Ser Humano e AI, no Biodom, Fabiano Scarano, curador do Museu do Amanhã; a pesquisadora da Cátedra da UNESCO Luana Santos; Frederico Andrade, fundador do Indigo Hive;e a psicanalista Ana Lizete Farias debateram sobre a interseção fascinante entre a inteligência artificial (IA), a inteligência humana e a inteligência da natureza, e esse diálogo complexo sobre coexistência.

Audiovisual e o meio ambiente

A indústria do audiovisual tem um papel fundamental a desempenhar na transformação do mundo. No painel “Narrativas de Impacto: a criação a serviço das mudanças, no Writer’s Room, Estela Renner, co-fundadora da Maria Farinha Filmes; Talita do Amaral Arruda, fundadora da Fistaile; Rossana Giesteira, comunicadora e produtora de impacto da Vidasoma, e Edivan Guajajara, diretor do We Are Guardians, debateram sobre o potencial de impacto das narrativas audiovisuais que não apenas entretêm, mas também educam e podem catalisar mudanças relevantes. Também foi tema desse encontro a necessidade de apoiar e incentivar o surgimento de novas vozes e perspectivas.

A mesma indústria que aborda temas sobre a ecologia, nem sempre está alinhada com práticas sustentáveis. No painel “Green Deal: O futuro é agora! Uma abordagem criativa da sustentabilidade, no Screenning Room, a conversa com Maurício Gonzalez, Diretor de Centro de Serviços Compartilhados (CSC) da Globo; Marília Naccari,  presidente da Panvision; Luiz Toledo,responsável pelos investimentos da SPCine,e Mariana Oliva, sócia da Maria Farinha Filmes, discutiram sobre os desafios e oportunidades relacionados à sustentabilidade ambiental na indústria do audiovisual e como destacar as práticas e iniciativas que podem transformar a maneira como são produzidos e consumidos este conteúdo.

A importância da preservação das florestas

A preservação das florestas não apenas contribui para mitigar as mudanças climáticas, mas também assegura benefícios duradouros para o equilíbrio do planeta e para nossa própria sobrevivência. É o que defende o climatologista Carlos Afonso Nobre no painel“No débito ou no crédito? O potencial da Amazônia”, no Biodom.

Dando sequência ao debate em torno da crise climática, a importância da preservação e regeneração das florestas, e considerando que 85% da população brasileira vive em centros urbanos, repensar as cidades a partir da perspectiva da floresta é tarefa urgente. É o que propõs o “Floresta Cidade: Construindo Cidades Sustentáveis, Democráticas e Conectadas com a Natureza” no palco Arts&Crafts. Neste painel, a arquiteta e urbanista Izana Guizzo, o professor de Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), Guilherme Vergara, e o biólogo e curador do Museu do Amanhã, Fábio Scarano, falaram sobre como o habitar humano, ao invés de destruir, pode participar de uma teia de vida colaborativa entre diversas espécies e contribuir para uma economia cíclica que produz vida com diversidade existencial e poética.

Foram 14 os palcos multidisciplinares e transversais que ocuparam a Cidade das Artes em 2024: “GlobalStage”; “Storyvillage”; “Brainspace”; “House of Brands”; “Biodom”; “New Frontier”; “Future.U”; “Soundbeats”; “Screening Room”; “Arts & Crafts’; “Games+”, “Writer’s Room”, “Soundbeats II by Popline.biz” e “Rio2C Stage”, além de sete outros espaços de conteúdo.